terça-feira, 20 de outubro de 2009

O velhinho esta com tudo

ELE COMPLETOU 100 ANOS E NÃO PARA DE GANHAR MODIFICAÇÕES. O PLÁSTICO CHEGOU ATÉ O SANGUE ARTIFICIAL E ÀS ROUPAS DE ESQUI. E JÁ COMEÇAM A SURGIR VERSÕES ECOLOGICAMENTE CORRETAS, FEITAS DE MANDIOCA E CANA-DE-AÇÚCAR


Imagine uma roupa leve e confortável usada por esportistas para praticar esqui. Se o atleta cai, ela imediatamente endurece nas regiões dos joelhos e dos ombros, para protegê-los. Pense agora num sangue artificial cujas moléculas, numa transfusão, se adaptam ao tipo saguíneo do paciente, um produto de fácil transporte e manuseio e, ainda por cima, que custa pouco. Que tal  um avião com asas que mudam de formato em pleno vôo, conforme a resistência do ar e a temperatura ambiente, a fim de melhorar a peformance? Tudo isso parece ficção científica, mas não é. Desde as Olimpiadas de Inverno de 2006, na Itália, os uniformes das seleções de esqui dos Estados Unidos e do Canadá contam com o sistema antiimpacto. O tal sangue está em desenvolvimento, assim como as asas "inteligentes". O mais surpreendente é que essas novidades são feitas de um produto que nos últimos tempos só tem sido citado como vilão: o plástico.
Por demorar até um século para se decoompor, o plástico ganhou o status de inimigo número um do meio ambiente. A fama não é infundada: afinal, estima-se que menos de 10% dos 100 milhões de toneladas de plástico anualmente produzidas sejam depois recicladas. Mas o fato é que o plástico, que neste ano completa 100 anos de história, teve um papel revolucionário. Devido à facilidade para ser modelado, à leveza, à alta resistência e ao baixo custo,ele permitiu inovações sem fim. De quebra, reduziu o preço dos mais variados produtos, de automóveis a equipamentos médicos, passando pela construção civil, eletrônicos e chegando à moda - onde a grande estrela foi o nálion, lançado pela Dupont em 1940. Tudo indica que o plástico deve continuar surpreendendo. Inclusive na sua formulação. Por conta da alta no preço do petróleo e por suas reservas limitadas, praticamente todas as grandes empresas químicas do mundo estão hoje empenhadas em desenvolver o chamado bioplástico, também batizado de plástico-verde. Em vez de usar derivados de petóleo  como matéria-prima, neste tipo de plático empregam-se resinas obtidas de plantas como a cana-de-açúcar, milho e até o bambu, o que permite que ele se decomponha no meio ambiente em menos de dois anos. "Ele ainda é mais cro do que o plástico tradicional, feito a base de nafta, mas já tem um consideravel apelo comercial", afirma o professor Hélio Wiebeck, do curso de engenharia química da Universidade de São Paulo (USP).
Pioneira no Brasil, a Braskem anunciou em julho a criação de um polietileno feito à base de cana-de-açúcar, 100% produzido com material renovável. Foram investidos U$ 5 milhões no desenvolvimento do produto, que deve passar a ser adotado por fabricantes de embalagens de alimentos, cosméticos e também pelo setor automotivo. Pesquisadores do laborátorio de engenharia de alimentos da USP seguem caminho semelhante. Desenvolveram um plástico voltado para embalagens que usa como matéria-prima o amido da mandioca. Ele é comestível e inclusive muda de cor quando o alimento começa a se deteriorar. Além disso, pode ter ação bacteriana natural se forem adicionados em sua composição produtos como cravo, pimenta e canela.Com isso, torna-se dispensável o uso de conservantes químicos.

Reportagem da revista PEQUENAS EMPRESAS E GRANDES NEGÓCIOS , publicação de Dezembro de 2007.




            

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